quinta-feira, 27 de março de 2008

Cidade de caipiras

Moro em Londrina há pouco mais de três anos. Antes, nasci e morei 15 anos da minha vida numa cidade de caipiras, Ourinhos. Cansei da pobretada que queria ser rico e dos ricos que fingiam ser pobres; cansei das idéias pequenas e das brincadeiras caipiras; cansei da moda de vasculhar a vida alheia; cansei de "reggaeiros" fedidos com cabelos sem lavar e de todos os grupinhos "alternativos". Sem modéstia, me achava grande demais para aquela cidade. Vim, por conta própria, pra Londrina e morei, praticamente, sozinho por quase um ano. Fiquei maravilhado com a disparidade por muito tempo. Conheci pessoas racionais e muitas com gostos parecidos com os meus... num ano em Londrina, me senti mais em casa do que quinze em Ourinhos.
Hoje, tenho algumas pessoas com quem posso conversar racionalmente. Poucas, mas é melhor do que nenhuma como em Ourinhos. Acontece que estou me cansando daqui como cansei de Ourinhos, mas por outros motivos.
A falta de respeito ao trânsito está cada vez pior! Antes, me atropelavam e paravam para ver como eu estava. Depois, atropelavam e saiam correndo. Hoje, atropelam, buzinam e xingam quando eles mesmos estão errados. Ainda hoje, uma vadia furou a preferencial e quase me jogou na calçada mas, dessa vez, não tive pedras para quebrar seu carro, porém, penso em andar com algumas no bolso.
Estou numa busca insana pelo lugar que me atend bem, mesmo sujo e fedido. Não que eu ande assim, mas quero dizer que o atendimento depende diretamente de como está estéticamente. Fui mal atendido no Arnaldo's (pedi uma cerveja e o viado gritou que não tinha cerveja), no Rei do Mate (fiquei 5 minutos cara-a-cara com a balconista, numa esperança inútil que ela me atendesse) e em muitos outros lugares.
Hoje à tarde, sai com minha amiga para tomarmos café no Frans Café. Ok, ela me acordou umas 4:45 e eu estava com muito calor, então, fui de bermuda, havaianas e mal penteado. Lá, não teve um instante que uma certa garçonete passou por nossa mesa e não ficou me secando com cara de vagabunda. Após mais de duas horas conversando e comendo, a certa garçonete nos expulsou indiretamente perguntando se íamos pedir mais alguma coisa.
Eu digo que são todos uns caipiras! Mesmo que eu tenha dinheiro para comprar o estabelecimento todo, não basta! Devo deixar bem claro que sou rico se quero atendimento decente... deplorável! Você se sente mais puto quando você sai do Brasil e vai para qualquer lugar nobre. No Canadá, os atendentes são tão simpáticos quanto os habitantes do país. Eles percebem que é turista e falam, por educação, um inglês mais polido e compreensível. Poderia ter chego de sunga num pub canadense e seria tão bem atendido quanto o presidente.
Quando eu explodir, começarei a quebrar janelas de carros e a denunciar certos funcionários a seus patrões. Onde será que, no Brasil, existe um restaurante, fast-food ou cafeteria onde os funcionários não se prendam a padrões estéticos? Chega de gente caipira numa cidade que é quase metrópole.

Dois exemplos de atendimentos recentes:

Habibs.
O fast-food já famoso pelo seu atendimento leviano. Nunca vi alguém falar bem do atendimento daquele maldito lugar. E eles ainda ganham dinheiro. Existem duas coisas de lá que gosto muito: a esfirra e o beirute. Esfirras de carne e frango são ótimas, as de queijo são horríveis. O beirute era enorme e saboroso. Antes, eu justificava por terem esfirras bem baratinhas e terem um beirute enorme, porém, o preço da esfirra já aumentou demais e, dia desses, pedi um beirute e, para minha surpresa, veio bem menor e numa bandeja engordurada. Agora eles ganham dinheiro como? Aumentando os preços, diminuindo a qualidade, pagando mal os funcionários e cortando gastos com higiene?

Café das Livrarias Porto.
Um lugar que tem tudo para ser bem freqüentado (não levando em conta o povão que habita o shopping Catuaí). Uma livraria, um ambiente agradável. Ambiente que perde toda sua qualidade quando resolvemos tomar um café enquanto lemos.
Adoro café, odeio adoçá-lo. Sabendo disso, sempre pedi (inutilmente) para a mocinha trazer meu café adoçado. Ele nunca veio adoçado. Pensei: "Talvez seus cérebros limitados não processem a informação 'adoçe meu café' pois não é praxe fazê-lo", então, perguntei: "Pode trazer meu café adoçado?" e ela disse que sim, ao que eu disse: "Então, pro favor, traga". Mas, mais uma vez, meu café veio sem açúcar. Desisti.
Na penúltima vez que fui, percebi que tinham colocado uma fita isolante no preço do "chantilly". Pedi o de sempre: capuccino quente e grande com chantilly. Ela me disse que o chantilly era de graça. Pedi com chantilly.
Na última vez que fui, não mais existia fita sobre o preço, perguntei: "Mocinha, vocês voltaram a cobrar pelo chantilly" e, com a maior cara-de-pau, me respondeu: "Sempre foi assim". Me subiu uma ira mas minha namorada me olhou feio e precisei me controlar. Aí o café chegou. Sem chantilly. Fui reclamar e colocaram meu chantilly. Saindo para pagar, não cobraram o chantilly... Desisto! Não entendo essa organização.

Não falei dos pé-rapados que habitam o Shopping Catuaí. Dia desses, roubaram meu celular de 100 reais. Tem que ser muito miserável para roubar um celular de 100 reais. Entretanto, esse problema se resolverá em breve com a inauguração do Shopping da Zona Norte, um shopping dos mesmos donos do Catuaí, e quase tão grande quanto. Ótimo! A ralé do Cincão e suas bandas ficarão mocados por lá, enquanto as pessoas de bem, voltam a fazer compras no Catuaí. Só faltam soluções para os outros problemas. Veremos até quando agüentarei.

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Now playing: After Forever - Victim of Choices

domingo, 23 de março de 2008

Feliz Páscoa

Hoje é dia de comer ovo. Eu já comi o meu, cozinhado e em cima do miojo.
Hoje é mais um feriado sagrado em que quase ninguém trabalha e que todos fingem que gostam um dos outros quando dizem "Feliz páscoa", embora, por dentro, querem que o outro tropece e morra.
Mais uma das distorções da realidade, mais uma referência mitológica discaradamente copiada pelo cristianismo e aproveitada pelos magnatas do comércio.


Segundo os cristãos, hoje foi o dia em que Cristo renasceu. Me surpreendo com o número de pessoas que acreditam mesmo nessa bobagem toda. Não passa de uma grande misturada de várias crenças de antigas civilizações, assim como é o cristianismo todo.
Hoje, é o domingo de páscoa, determinado pelo calendário lunar como o primeiro domingo após a lua cheia, após o Equinócio de Primavera. Não passa de um ritual pagão que enxerga o equinócio como representação da luz no mundo, o nascimento da primavera, uma vez que no equinócio de primavera, os dias são mais claros; os passáros cantam mais e as vegetações são mais brilhantes que nos períodos de inverno, embora isso seja menos perceptível no hemisfério sul... Com toda essa luz, nada melhor para se comemorar do que o ato de "dar a luz", a fertilidade. E é esse o motivo de tanta festa: a fertilidade. Antigas civilizações simbolizavam a fertilidade com o ovo. Os adeptos à Deusa da Fertilidade, pintavam ovos cozidos e acendiam fogueiras ao nascer do sol. As wiccanianas se deliciavam com toda essa putaria de fertilidade e deviam trepar pra cacete nas homenagens à Deusa das Plantas e ao Senhor das Matas.
Nem preciso dizer da onde vem o maldito coelho, um dos maiores símbolos da fertilização. A lebre é um ícone antigo, símbolo da ressureição e renascimento para várias deusas lunares. O bichinho já foi sagrado tanto nas mitologias orientais quanto ocidentais.

Como a maioria dos antigos festivais pagãos, o equinócio de primavera foi cristianizado pelos safados da Igreja Cristã como a ressureição de Jesus Cristinho. Hoje, a massa estúpida comemora o renascimento de um cara que sequer existiu. Sim, as pessoas não pensam. Eu, sinceramente, acho que algumas pessoas NÃO raciocinam, por mais que isso pareça óbvio...

Mas hoje é dia de festa! Não demos atenção a esses detalhes! Vamos comemorar toda a... sei lá, páscoa! O importante é comemorar :D



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Now playing: Leave's Eyes - Ankomst

terça-feira, 18 de março de 2008

Descaso

Música do dia: Sirenia - Downfall

Achei que meu próximo post seria sobre o descaso no atendimento dos atuais fast-foods e lugares de comida em geral de Londrina mas, devido ao que aconteceu hoje, preciso retomar um assunto chato e passado, mas que continua em vigor.
O descaso é outro, é com a educação. No Brasil, o que vigora é a auto-satisfação do cumprimento do papel social sem altruísmo algum; a vontade de mandar; a estupidez de se seguir as regras sem sequer se questionar se são mesmo justas.

Hoje, recebi uma advetência no colégio. Estranho? Demais! Eu não lembro de advertência desde a sétima série quando amarrei os cadarços de um gordo enquanto ele dormia e, então, caiu quando se levantou.

Analisarei a seguinte ocorrência:
"Fica o aluno, Bruno Lopes, advertido pela falta de respeito com o Professor Helder Linhares e com a Pedagoga, Geozani de Fátima Colonhesi. Ao ser questionado em relação a falta de produção da equipe, o aluno respondeu de forma irônica e ofensiva. Segundo a equipe de professores, o aluno é produtivo quando gosta da disciplina e do professor, mas costuma responder quando contrariado."

Fato para se poder entender o contexto: Nesse bimestre, cada equipe de alunos precisa montar um plano projeto de uma panificadora. Com tudo certo, uma simulação da abertura de um negócio, com todos os detalhes, etc.


Aspecto 1: Falta de respeito com professor Helder
Estando eu e minha equipe em mesa, o professor diz em tom irônico, para a sala toda, que certas equipes fizeram seus projetos sem pensarem no público alvo. De fato, o projeto de nossa equipe (não é mais segredo) é uma panificadora temática japonesa com a confeitaria oriental (à la Hashimitsu), o que me fez pensar que o fato de que ele estivesse me encarando, fosse simples coincidência. Mas não era. Após sua ironia patética, quis jogar em nossa cara que nosso projeto não tinha um público alvo. Ora, aí é que começou toda a confusão. Pra vocês, leitores, uma padaria JAPONESA tem qual público alvo? Huum.. talvez os japoneses, né? Me irritei!
Após eu ter dito o óbvio e que ele só pode não ter lido o que escrevi, para achar que não tínhamos um público alvo, ele ignorou completamente o fato de que ele foi infeliz em sua opinião e tentou retrucar perguntando se achávamos que os japoneses susteriam-nos. Mais uma vez provando que não leu nada do que escrevi, pois deixei bem claro que o público alvo eram os nipo-descendentes e que a padaria atrairía também àqueles que têm interesse pela cultura e curiosos em geral, muitos nessa cidade. Ou será que ele leu e não compreendeu? Tenho um professor analfabeto funcional?

Aspecto 2: Falta de respeito com a pedagoga Geozani
"Ao ser questionado em relação a falta de produção da equipe, o aluno respondeu de forma irônica e ofensiva". Essa frase correponde à parte da pedagoga, pois a mesma chegou em minha equipe dizendo que não tínhamos produzido nada durante as duas primeiras aulas. Me indignei com tamanha mentira e peguei a folha de exercícios de matemática, folha em que a professora passou dois simples exercícios a serem resolvidos, e eles foram. Com todos as provas de que fizemos algo, a pedagoga se retirou sem, ao menos, querer ver nossa resolução.

Aspecto 3: Análise do aluno
"Segundo a equipe de professores, o aluno é produtivo quando gosta da disciplina e do professor, mas costuma responder quando contrariado."
A frase fala sozinha. Preciso mesmo traduzí-la? Acho que diante de tanta cegueira, preciso. Os professores afirmam que quando o mestre é competente, os alunos produzem. O que quero dizer é que não sou nenhum tipo de rebelde sem causa, um sem-noção que avacalha as aulas, sou um bom aluno, mas um bom aluno com opinião. Exemplificando, não tenho problemas com o André. Por mais que sua disciplina seja um tanto quanto confusa pra mim e que ele já tenha me dado altas broncas, nunca o desrespeitei. E por que será? Talvez por que ele se dê ao respeito, porque eu o considero competente.
Eu sou exigente e se eu acho que meu professor falou merda, irei brigar mesmo. Desculpem-me, mas gosto de lidar com pessoas inteligentes.
Esta frase é uma amostra clara de como aqueles que detêm o poder manipulam a informação. Quando dizem "segundo a equipe de professores", subentende-se que todos os professores chegaram a um consenso de que sou um revoltadinho que xinga quando contrariado. Não preciso nem me esforçar pra saber que isso é mentira; que o corpo docente não é unânime nessa opinião. Vergonhoso! Isso se chama "corrupção", corrupção da informação. Quase uma Rede Globo.


Hoje, quando recebi essa advertência, usei de alguns argumentos mas ainda sim, esqueci de alguns. Algumas das coisas grandes que penso, disse. Falei sobre minha desaprovação no fato de termos um único professor para as disciplinas de filosofia e sociologia, tanto pela confusão, quanto por eu não achá-lo competente para assumir essa responsabilidade. Alguém que só tem bacharelado em filosofia quer lecionar filosofia e sociologia? Eu desaprovo. Desaprovo e mostro todo o meu repúdio a isso. Colecionarei advertências, mas nunca me calarei diante da estupidez.
Na Finândia, existe a melhor educação do mundo. Lá, as salas são tão lotadas quanto as daqui, os professores ganham menos que os daqui proporcionalmente à renda per capita. Mas lá, os professores gostam de lecionar, são competentes, é exigido mestrado para lecionar para o ensino médio. Enquanto lá se exige mestrado, aqui aceita-se um remendo de um professor cobrindo duas disciplinas. Aqui, fazer sua parte basta. Aqui, seguem as regras de que um ruela formado em filosofia pode lecionar sociologia e não param pra pensar se isso está certo. Aqui, a regra está certa e pronto. Aqui, somos marionetes da supressão da educação. Aqui, temos os piores índices de leitura, gramática, matemática e ciências. Aqui, somos merdas.

Que saudades, João Vicente...
Que saudades, Luciano...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Viagem - Construindo a Nação

Música do dia: Nightwish - Ghost Love Score

Depois de passarmos por tantas coisas, termos aprendido tanto e nos esforçado pra cacete, finalmente o mérito e a recompensa.
Quantas vezes fiquei acordado na madrugada, no msn com o professor para decidirmos como ficaria melhor cada detalhe. Um projeto que teve alta repercussão, que rendeu matérias a vários jornais e à várias edições. Um projeto que me deixou triste por, depois de tanto esforço, não ter ganhado nenhuma das premiações da Unopar. Mas um projeto que me interessou, que me fez perceber o tamanho de sua importância, que me deixou com vontade prosseguir. E ao prêmio "Construindo a Nação", de colégios de todo o Paraná, fomos vencedores, primeiro lugar do ensino médio. Mesmo já sabendo da vitória, no dia antecedente à viagem à Curitiba, ainda tive que preparar com o professor, uma montagem em vídeo com alguns momentos de todo o projeto. Agüentei a birra do meu pc, o meu cansaço e todo o resto, mas posso dizer com sinceridade: valeu a pena. Sem dúvida, a melhor viagem de galera que já fiz na vida.

E o vídeo ficou assim:





Uma ida cansativa com estresse e brincadeiras. Zueiras ao máximo no hotel, interação com o pessoal de Cornélio... Um primeiro dia com guerra de travesseiros no ônibus, esporro de professor de Cornélio, "gato mia", esporro de professor nosso e uma noite cansativa. Um segundo dia com ótimo café da manhã, Jardim Botânico, Ópera de Arame, 10 reais achados no chão, premiação emocionante, coquetel com música, Bar Brahma, cerveja, "gato mia", putaria e noite sem dormir. Um terceiro dia sendo o primeiro a tomar café da manhã, com uma viagem sonolenta e já deixando saudades.
Afinal, essa viagem serviu para muita coisa. Além de toda a diversão, serviu para que eu revesse muita coisa no meu comportamento e no comportamento da outras pessoas. Muita coisa mudou. Algumas imagens subiram, outras desceram e, atualmente, estou perdido em relação à algumas coisas e me sentindo intrometido mas as coisas serão como sempre foram: do meu jeito.
Vou sentir saudades de tudo desses três dias. Das conversas, das farras, da viagem, dos esporros... Mas é isso aí, importante é que foi foda.






Uma novidade: algum pé-rapado roubou meu celular tosco no Catuaí ontem. Tosco mas faz falta. E ontem foi um dia muito estressante e espero fazer um post sobre a raiva que essa cidade me faz passar. Morte aos ladrões.

quinta-feira, 6 de março de 2008

O poder do reflexo

Essa é muito boa. Tive que postar!