quarta-feira, 16 de abril de 2008

Zona

Depois de uma madrugada em claro, gastando muito mais tempo que reservo para coisas não-vestibulares numa maquete de isopor e papel-cartão, o resultado. Talvez eu deva começar antes disso... Então, vamos lá.

Há algumas semanas atrás, no colégio, nos foi entregue o tema do trabalho final do bimestre. Trabalho final que vale 20 pontos em cada matéria e tem relação com os conteúdos trabalhados no bimestre (ou não). De início, uma surpresa, afinal, como montar uma padaria do futuro com plano de negócios e elaboração de uma maquete, coisa que não fazia desde a 4ª série? O susto se transformou em empolgação depois que tive a idéia de montar uma panificadora temática oriental e as coisas até que não pareciam tão difíceis assim. Logo no primeiro dia, já fiz uns rabiscos sobre como seria a padaria, não demorou muito para que eu elaborasse uma maquete 3D no computador, no entanto, trabalhos escolares iam se acumulando, assim como meus estudos para o vestibular e para as provas se tornavam freqüentes. Além de tudo, reunir a equipe era quase impossível com quase todos os membros trabalhando.
O tempo passou e quando me dei conta, faltavam duas semanas para a entrega do trabalho. Adiantei as coisas no computador, deixando as medidas da maquete de lado. Achei que seria fácil, mas não foi. Arquitetos têm um trabalhão e medir cada coisinha é um passatempo tedioso e demorado. A maquete virtual estava perfeita, expressava quase que com prefeição a idéia que quis passar de meu modelo de padaria, logo, uma maquete física seria irrelevante. Irrelevante, mas era necessária. Ontem, ficamos o dia todo medindo, cortando e colando coisas e o resultado não foi dos melhores porque maquete não é nosso forte. Nosso forte são as idéias e, sem dúvida, nossa idéia era a única viável para ser aplicada no mundo real. Hoje em dia, depois de tantas coisas já inventadas, uma idéia nova vale muito. Mas de 20 pontos, nossa idéia valeu 12. A primeira justificativa foi a de que a maquete em isopor estava "porca". Besteira! Estava ruim mas tínhamos um modelo virtual perfeito! A segunda justificativa era a de que não entregamos o trabalho escrito. Como é praxe, não costumo deixar as coisas pela metade e sequer entreguei o plano de negócios pois estava incompleto. Incompleto porém muito mais completo do que todos os que foram apresentados ainda hoje, mas, ainda sim, incompletos para um plano de negócios real. Meu irmão formado, estudantes de administração e pessoas que já tiveram contato com plano de negócios, acharam absurdo a idéia de pedir tal coisa para um terceiro ano. Um terceiro ano sem base alguma do funcionamento de empresas; um terceiro ano que precisa estudar para as provas do próprio colégio; um terceiro ano que precisa se voltar para o vestibular.
Meus estudos caíram em vão e minha nota foi baixa injustamente. Ainda acho que o que vale mais é a idéia. Pareceu que se eu fizesse uma pirâmide de ponta-cabeça com uma padaria dentro e profissionalmente construída, provavelmente, teria nota mais alta, mesmo que isso seja absurdo num plano real. Mas ainda há a hipótese de que minha equipe seja "marcada" pelo colégio.
Sabendo que eu ficaria estressado, levei umas garrafas de Heineken na bolsa para me acalmar depois, mas elas só me deram mais problemas e deve-se imaginar o porquê depois de se saber que descobriram as garrafas em minha bolsa. A equipe foi para a direção.

Mesmo tendo todas as respostas ásperas e precisas na ponta da língua, orgulhei-me de minha atitude sábia: me calei quando precisei ouvir sermão padronizado. Sim, atitude sábia porque argumentar não resolve, só prolonga o assunto a extende a padronização de bronca massante. Após toda a baboseira clichê, as comparações estúpidas com elementos que levam drogas no colégio e a tortura de saber que estão construindo uma imagem borrada de mim (se bem que não me importo com a opinião deles), fiquei a sós com a diretora para ouvir a uma grande merda. Ressalto que foi muito difícil ter que não me defender de uma clara insinuação de que sou má-companhia e do julgamento que me colocava como um adolescente idiota qualquer (talvez do tipo que estejam acostumados a lidar) que começou a beber agora, não sabe se controlar e ainda leva os colegas junto. Veja bem, voltei a beber há muito pouco tempo e por motivos que não interessam a ninguém, mas voltei porque cerveja, em especial, me acalma.
Me subestimam.

Bem, a grande merda foi que algum FILHO DE BISCATE foi relinchar contra mim, pseudo-argumentando que eu não deveria usar minha bandana na cabeça, uma vez que o mesmo não podia usar boné. BURRICE! PREGUIÇA! Minha bandana serve para prender meu cabelo e impedir que ele voe na minha cara com o vento do maldito ventilador (aquele que mais atrapalha que ajuda) enquanto bonés não servem para nada e são proibidos pelas normas internas. Não uso bandana porque fica legal ou por qualquer outro motivo estético porque eu não me importo quase nada com essa bobagem estética, principalmente dentro do colégio, tanto é que acho que sou o único que não reclama do uniforme pois sou indiferente à sua feiura. Voltando ao assunto, alguma panelinha ou algum chupador-de-pintos foi muito homem para se derreter para a diretora, ao invés de resolver seus incômodos com a fonte que sou eu.
É curioso como a capacidade de me encarar e tentar resolver os problemas como uma pessoa racional é nula. O eqüino balbuciou algumas palavras fétidas e, incrivelmente (ou não), teve persuasão sobre uma administração supostamente séria.
Não irei parar de usar bandana e se o incomodado se sentir cutucado, encare a mim, e não a defensora das falsas vítimas.

Desorganização fede.


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Now playing: Elvenking - Moonchariot

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Como conseguir uma esposa (estilo Antigo Testamento)

Já que percebi que estou fora dos padrões atuais, preciso de alternativas para começar e consolidar um relacionamento que me dará a felicidade temporária e, quem sabe, o pacto lucrativo do casamento.
O "certinho" saiu de moda e não sei me submeter ao padrão da maioria. Solução: recorrer ao divino. Abaixo, cito quatorze opções de se encontrar uma esposa, dadas pelo Antigo Testamento.



1. Encontre uma prisioneira de guerra atraente, leve-a para sua casa, raspe seu cabelo, corte suas unhas, e lhe dê novas roupas. Então ela é sua. - Deuteronômio 21:11-13
(O mais próximo disso que posso encontrar é uma rebelde-sem-causa intoxicada por bombas de efeito da PM)


2. Encontre uma prostituta e se case com ela. - Oséias 1:1-3
(Ela pode escrever um livro sobre sua vida e ficaremos ricos)


3. Ache um homem com sete filhas e impressione-o dando água para o rebanho. - Êxodo 2:16-21


4. Compre um pedaço de terra e pegue uma mulher como parte do acordo. - Rute 4:5-10
(Se eu tivesse dinheiro para terras, provavelmente não teria problemas com mulheres)


5. Vá para uma festa e se esconda. Quando a mulher for dançar, pegue-a e a carregue para ser sua esposa. - Juízes 21:19-25


6. Mas os sortudos mesmo nem precisam se preocupar. Se for contemplado no sorteio, deus lhe criará uma mulher enquanto você dorme. - Gênesis 2:19-24
(Descartada. Hipótese já usada e o veredicto foi: "não sou sortudo".)


7. Concorde em trabalhar sete anos a fim de ganhar a mão de uma mulher. Seja enganado para se casar com a irmã errada. Então trabalhe mais sete anos para se casar com a mulher que você originalmente planejava. - Gênesis 29:15-30
(Soa complicado, leva um bocado de tempo, mas sempre dá certo, pergunte a Jacó.)


8. Corte 200 prepúcios de seus inimigos e presenteie seu sogro para conseguir a esposa. - 1 Samuel 18:27
(Adoro esses métodos que não precisam de conquista)


9. Mesmo quando não haja mais ninguém, apenas ande por aí que você definitivamente acha ninguém. - Gênesis 4:16-17
(Caim fez isso e deu certo)


10. Torne-se o imperador de uma grande nação e faça um concurso de beleza. - Ester 2:3-4
(Sucesso na certa!)


11. Quando você ver alguém que goste, vá para casa e conte a seus pais, "Eu vi uma...mulher; agora a consigam para mim". Se seus pais questionarem a decisão, simplesmente diga "Pegue-a para mim. Ela é a mulher da minha vida" - Juízes 14:1-3


12. Mate algum cara casado e pegue sua esposa - 2 Samuel 11
(Afinal, mulheres que precisam de consolo são mais atraentes que as resolvidas).


13. Espere seu irmão casado morrer, a esposa dele será sua. Prática comum, há no Deuteronômio, Levítico e um exemplo em Rute.


14. Não seja seletivo demais. Prefira quantidade a qualidade. - 1 Reis 11:1-3
(Salomão, segundo alguns um dos caras mais sábios que existiram, fazia isso. Ele é o autor dos Salmos, não pode estar errado.)

Fonte



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Now playing: Sirenia - Lithium and a Lover

domingo, 6 de abril de 2008

Cada amor com seu valor

Mais um relacionamento fracassado. Ontem, meu namoro chegou ao fim.
A análise do convívio e interação de duas pessoas que resolvem ficar juntas é um estudo sem muitas provas e um assunto do qual muitos se acham peritos mas a verdade é única: ninguém sabe muita coisa. Bem... e eventualmente, muitos dos que dizem saber, sabem menos que pouco, sabem nada.
Sentimentos, sejam eles quais forem, são irracionais. Porém, a maioria deles têm uma explicação racional aceitável que é fria e ignoramos para não nos sentirmos tão humanos como somos.
Um sentimento que chama a atenção desde muito tempo atrás, é uma generalização de um sentimento egoísta denominado "amor".
Eu preciso falar da mídia novamente porque a maior ilusão que ela passa é, sem dúvida, a do estereótipo do amor. Qual novela de hoje não tem, no mínimo, dois romancezinhos? Qual música da atual cultura de massa não fala de amor, traição e afins? E o amor se desenrola pelos livros, revistas, propagandas e etc..

Mas o que é o amor? Há os que dizem que não acreditam, mas esses que o dizem nunca pararam para definir suas idéias. É óbvio que o amor hipnótico que a mídia nos passa é uma fantasia mas eu posso nomear um sentimento como "amor". Sentimentos são muito complexos para serem rotulados mas há a necessidade de definição e generalização para tudo em nossas mentes. Eu tenho meu próprio paradigma do amor que não é tão belo e poético quanto o amor ilusório que conhecemos mas é, por sua vez, mais claro. Claro, mas não simples. Defini várias etapas, vários processos pelo qual um sentimento ou vários passam antes de virar amor. A matéria-prima pode ser amizade, atração física ou uma atração inexplicável à primeira vista (que não é "amor à primeira vista"); uma das etapas imutáveis é o processo de convivência, se não houve convivência, pode haver um sentimento anterior mas não o amor. Bem, existe uma definição muito maior para tudo isso, mas daria um belo livro. Sintetizei aqui para melhor entendimento.

Que necessidade é essa de se ter alguém por perto? Somos sociáveis, precisamos de pessoas por perto e de uma pessoa ainda mais perto, aquela que dizemos ser especial. A pessoa especial compartilhará de nossas idéias e iremos fazer coisas particulares; abraços, beijos e sexo, isso é tudo muito bom. Sabemos, então, que precisamos de alguém.
Agora que sabemos que precisamos de alguém, da onde vem o interesse, a atração? Nós somos apenas um amontoado de influências. Influências de nossos pais, nossa cultura, nossos amigos e etc. Dependendo de quais são as influências, será definida uma personalidade a nós. Pessoas que receberam influencias parecidas e que, se diz, terem personalidades parecidas, têm tendência a se atraírem um pelo outro, mesmo que alguns detalhes sejam veementemente contrastantes, fato que leva à analogia do eletromagnetismo: os opostos se atraem.
É extremamente complicado generalizar o que causa uma atração tendo como único exemplo, eu mesmo. Eu mal sei definir o que me atrai em uma garota, mas posso tentar. É claro que beleza superficial conta! Antes de tudo, sou um apreciador da beleza feminina assim como sou de outras formas de beleza. Admiro a estética feminina tanto quanto admiro um pôr-do-sol, uma paisagem e etc. São diferentes tipos de beleza, mas ainda sim, belezas. Bem, uma vez que a beleza exterior seja tão importante, friso que o comportamento da pessoa reflete, por incrível que pareça, em sua beleza exterior, isto é, a beleza interior reflete na exterior. Isso não é um clichê, é verdade! Pode parecer absurdo, mas eu enxergo a pessoa mais bonita quando gosto dela e isso se faz verdade para amigas, conhecidas, namoradas...
Ah! O que me atrai... Bem, ainda na estética, sou apaixonado por bochechas macias. Já na personalidade, gosto de garotas misteriosas e garotas que me surpreendam. Se eu tenho um conceito banal sobre a garota e ela chega e muda totalmente a idéia fazendo sua imagem subir demais, me atraio imediatamente. Aquelas que vejo um rastro de raciocínio, que estão (mesmo que só um pouco) ímpares à toda futilidade da sociedade, me atraem. Fazendo uma comparação com a atual sociedade londrinense, o que me atrai aqui, são aquelas que mostram raciocínio diante de coisas como amizade, educação e moral. Aquelas que não gostam de massificações (mesmo que elas não façam idéia disso) como funk e sertanejo ou estopins da burrice como boates noturnas.
Quem pensa nisso, é paranóico. Eu sou paranóico num conceito geral. Isso porque a maioria, a massa, é fútil e comandada por uma onda inerte de burrice que além de os proibirem de pensar, ainda os obriga a taxar os que insistem em pensar. Odeio esse ideal onde a estética vale mais que o caráter e isso está cada vez mais claro e é por isso que não sou muito "namorador". Eu não ando com tênis da moda; não me visto com Nike ou Everlast; não tenho calças que custem mais que 60 reais; não fumo arguile (essa nova modinha) e nem sigo qualquer tipo de tendência como essa; não assisto televisão; não me deixo ser controlado; discuto quando há algo errado; não sento e me conformo com a situação; brigo até expor todo ou quase todo o meu ponto de vista. Ou seja, sou um chato. Eu nasci num lugar e numa época (não sei qual influenciou mais) onde os valores eram outros. Eu cresci com ideais de justiça, moral, caráter, fidelidade. Fui, ao longo do tempo, moldando toda a minha personalidade na idéia de ser o melhor possível. Moldei meu caráter, minha fidelidade, meu respeito, meu senso crítico e minha inteligência. Moldei tudo isso para parar aqui, onde os valores são outros. Para parar na opressão da futilidade. Aqui, meus valores são descartados porque não adianta em nada ser um cara respeitoso, legal, fiel e com caráter se, no meu pé, calço uma bota de 40 reais e uma camiseta que comprei na promoção da C&A. Estéticamente, não sou feio nem bonito, sou apresentável, porém a diferença está nos valores. Não dou muito valor à roupas e em muito do material. Um carro, um tênis, um relógio... podem chamar até à minha atenção mas não se comparam ao valor interno, ao caráter e tudo mais que já citei. Houve uma mudança de valores muito grande e eu fiquei para trás porque sou orgulhoso demais para destruir meus valores absolutos e trocá-los pelos valores atuais somente para me socializar melhor. O orgulhoso fica sozinho, pelo menos até encontrar alguém que valoriza o mesmo que ele. Espero que o mundo não esteja assim tão perdido.



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Now playing: Epica - The Last Crusade (A New Age Dawns Part 1)