Mostrando postagens com marcador ensino. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ensino. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 10 de março de 2009

Ensino Superior é ser superior.

Esse começo de ano é só folia. Todo mundo sabe que o Brasil só começa a funcionar depois do Carnaval (e olhe lá!). Longas ressacas do reveillon, preparações e as festas de Carnaval e, por último mas não menos importante, a volta às aulas (para quem estuda, claro). Todos os anos, milhares de jovens passam pelo sufoco do vestibular, atenuados pela grande maioria que vê a prova como um monstro e faz questão de difundir o mito. Se dividem entre os que enlouquecem de tanto estudar e os que não têm muita paciência para ler livros didáticos. Me encaixo na segunda opção.
Começou 2008 e eu disse a mim mesmo que me dedicaria aos estudos mas foi pura ladainha. Quando ainda estava na empolgação de devorar livros, no primeiro semestre, fui sufocado pelas baboseiras desconexas de meu antigo colégio Sesi, como a criação de uma padaria. Assim que tive a oportunidade ideal, com corpo docente qualificado e sem padarias, era tarde... Mas talvez não fosse tarde demais, o que é difícil julgar já que fui preguiçoso mesmo.
Dos dez livros da lista da UEL, li apenas um que, fatidicamente, não apareceu em nenhuma questão da segunda fase. Esse foi, definitivamente, meu tropeço. Errei quase todas as questões de literatura pois não sabia nem do que se tratavam os livros e as perguntas eram completamente estranhas para mim. Isso tudo aliado a um cara ruim de chute, dá nisso. É bom frisar que eu discordo que os pontos de língua estrangeira sejam vergonhosamente inferiores aos de literatura nacional/portuguesa. Não enxergo um ambiente onde saber quem foi Machado de Assis seja mais valioso que uma comunicação fluente em inglês. Enfim, isso tudo faz parte da velha besteira de achar que o Brasil tem alguma cultura da qual se orgulhar. Até a literatura (e diria, PRINCIPALMENTE a literatura) é cópia descarada e mal-feita da literatura estrangeira. Assim como quase todo o resto que temos para nos orgulhar, inclusive a farsa do sentimento patriótico que, só vem à tona, convenientemente nos anos de Copa do Mundo.


A minha enorme paixão pelo ensino e como ele é ensinado (englobando todas as minhas curiosidades pela neuro-ciência e desenvolvimento humano ligado a índices de educação) não me deixa quieto sabendo que o modelo de nossos vestibulares não passa de uma maquiagem para uma forma de ensino já ultrapassada há mais de cem anos pelos europeus (e olha que eu nem vou falar do Enem). Um modelo que só valoriza um tipo de aluno: aquele que tem boa memória. Devore livros, leia-os todos e tenha uma boa capacidade de armazenamento mental e não terá erro na grande maioria dos vestibulares do país. Há anos eu percebi que o raciocínio é muito mais valioso que o simples saber e, há não tanto tempo, eu descobri que isso é óbvio e já descobriram isso antes de mim (der!).
Sabido que os reitores e mestres do ensino têm ciência de tal fato, justifico o que quis dizer com "maquiagem". Como implementariam um modelo de vestibular onde o valor fosse dado àqueles que realmente pensam, valorizando o esquenta-cuca; o raciocínio, se o sistema básico de ensino é um esgoto a céu aberto?! Desde nossa infância, nos enfiam coisas para estudar e decorar e decoramos para as provas e vamos arrastando assim até o vestibular que, tcha-ram, fazemos a mesma decoreba novamente. Não preciso alongar muito a discussão pois, quem raciocina, já sabe o final dessa linha de pensamento: a falta de investimento na área de educação. Certamente, não seria barato mudar o conveniente (e preguiçoso) sistema de educação massificado baseado no decoreba para um que exigisse que o aluno fosse além do cópia-e-cola e estivesse preparado para questões-desafio de raciocínio e lógica. E ainda saem índices "espantosos" de como os brasileiros têm pouquíssimo interesse pelas áreas exatas. Simples, né?! A molecada corre de tudo que exige um pouquinho da força do intelecto e cai dentro do que precisa simplesmente memorizar.

Diante disso, percebemos o quanto o ser humano é podre. Se você é podre, tem que achar alguém mais podre para poder se sentir melhor, e é assim que funciona. Já não aguento mais a apodridão de orgulho de n calouros da UEL que estão no topo-das-tamancas simplesmente porque foram selecionados no já discutido modelo tosco de seleção. Os podres das faculdades federais pisam no orgulho dos podres de universidades estaduais que, por sua vez, precisam provar que não são os piores de todos, chacoteando os estudantes de universidades particulares. Passar em um vestibular de conceito alto só prova uma coisa: tens boa memória. Esse pessoal precisa ler mais, estudar mais, pensar mais e decorar menos. A maioria passou no vestibular e já se acham grandes o suficiente para estacionar os assuntos intelectuais que não têm relação com a faculdade. Triste.

É... esse começo de ano é assim mesmo. Gente se orgulhando por pouca merda, congratulações esbanjadas por tradição e não por mérito, moleques de cabeças raspadas com tinta na testa, meninas esfregando as bucetas nos veteranos em cervejadas e por aí vai. Pois é, Lula, parece que a crise realmente não mudou muito o cenário nacional.



Observação aos comuns leitores de raciocínio desavantajado: A última frase do post, assim como o título do post e algumas frases dentro do blog, são ironias ou piadinhas bem mal-feitas que não devem ser levadas ao pé da letra.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

O enigma do ensino

Música do dia: Therion - O Fortuna

Há tempos fujo de questões políticas, sociais, econômicas, enfim, dessas problemáticas complicadíssimas que têm nível de complexidade veemente.
Acontece que quanto mais tento me esconder, mais elas me perseguem. Eu havia decidido parar de criar rugas por problemas deste tipo; me contentar em ser mais um que dá de ombros para essa "dor-de-cabeça" toda. Infelizmente, as coisas nem sempre são como queremos.
Tenho interesse nos assuntos mas encontrar métodos que solucionem esses problemas, é um desafio imenso que causa um desespero que é, muitas vezes, em vão.
Bom, irei assumir novamente a alcunha de "meio-termista" e tentarei dar pouca atenção a isso (meu envelhecimento precoce agradece) ao mesmo tempo que leio e me informo sobre.

Dias atrás, estava lendo a revista Veja da semana passada e me interessei por uma reportagem com um professor, CEO da Secretaria de Educação de Nova York, que falava sobre a reforma no ensino. Aliado a alguns poucos conhecimentos que possuía sobre o assunto dentro do Brasil, quis saber mais e andei lendo algumas coisas a respeito, com destaque à Lei 9493-96 decretada no governo FHC das diretrizes e bases da educação nacional e 40 páginas interessantíssimas sobre uma pesquisa feita pela professora e pedagoga Adelacyr Galassi, sobre a metodologia no magistério do ensino médio.
A educação sempre foi a base de grande parte dos problemas no mundo, a peça-chave para o desenvolvimento e evolução humana. Um tema que não preocupa a todos da maneira que merece, exatamente pela precariedade da mesma, isto é, a falta de preocupação de alguém com a educação deve-se pela falta da educação na pessoa.

Por que depois de quase 11 anos de lei vigente, não são cumpridos todos os parágrafos dos artigos com excelência? Bem, é sabido que isso acontece com muitas leis nacionais, de fato. Mas a educação deveria ser uma prioridade, responsável por grandes investimentos. Mas falarei do investimento mais tarde, agora falarei da nova educação.

Já citou Nadelstern, "temos uma escola de século XXI com cara do século XIX". Ele se direciona ao estudo público dos Estados Unidos mas a situação daqui está nos mesmos parâmetros, mas ainda pior por falta de incentivo do governo. A melhoria, segundo Nadelstern, tem base em vários aspectos, como por exemplo, a meritocracia - "Para fazer de uma escola um exemplo de excelência, é preciso dar incentivos concretos a quem trabalha nela, tal qual em qualquer empresa". Concordo. Prêmios aos melhores diretores, professores e alunos incentivariam o desempenho de todos. Prêmios em dinheiro mesmo.. competição! Isso é conceito fundamental da sociedade e ainda é visto como irregularidade dentro das áreas de ensino. Por que não preparar o aluno dentro da escola para uma realidade tão verdadeira?!
Substituição do ensino massivo e "decoreba", a qual denomino ensino quadrado, por aulas dinâmicas dadas por professores atualizados e firmes no que fazem.
Outro ideal é fragmentar os grandes colégios em mais colégios de terreno menor. Salas com menos alunos, escolas com menos alunos. O princípio de toda essa mudança é que, atualmente, os pais andam alheios ao que acontece dentro da escola, sua participação é cada vez menor. Há também o mal de ensinar para uma sala lotada que impossibilita uma atenção mais cautelosa a problemas particulares de cada aluno.
Em NY, o ensino antiqüado está sendo finalmente repensado para o aluno do futuro; não aquele que decore, mas aquele que entenda e interprete, aquele que seja capacitado para enfrentar desafios, que tenha sua própria opinião.

Agora vamos tratar do Brasil.
Preocupada com problemas como a evasão escolar, baixas notas, professores debilitados, além de todo o sistema educacional ultrapassado, Galassi realizou uma pesquisa entre alunos e professores do magistério do ensino médio, com objetivo de encontrar os problemas certos e estudar uma solução para os mesmos. Os alunos (que lecionarão futuramente) e os professores foram questionados com vários tipos de pergunta, e é coisa demais para eu escrever aqui.
O básico foram perguntas sobre o que está ruim e o que deveria melhorar. Para este tipo de pergunta, as respostas foram previsíveis e esclarecedoras.
No país, a quantidade de problemas em relação a isso é enorme. Vejamos o caso de um professor qualquer que leciona em várias escolas públicas. Devido ao baixo salário, ele é forçado a dar aulas em três ou quatro colégios, gasta quase todo seu tempo dando aulas e o que sobra, provavelmente gaste planejando as aulas do próximo dia. Para um profissional desses, fica difícil freqüentar cursos de reciclagem e aperfeiçoamento tanto pela falta de tempo quanto pela falta de dinheiro. Hoje em dia, ainda temos muitos professores com a cabeça fechada, que não ouvem o aluno, que não controlam a sala, que se limitam ao giz e ao quadro. E se alguma coisa precisa ser feita, tem de ser feita imediatamente.
Os alunos precisam de um professor amigo que ao mesmo tempo imponha respeito; alguém dinâmico e de mente aberta; que não desconte sua raiva nos alunos; que goste do que faz; que esteja sempre se reciclando, lendo sobre diversos assuntos e freqüentando cursos de capacitação profissional. E os professores precisam de incentivo, de opções; precisam de maior reconhecimento, maior salário. Mas não adianta chorar salário, fazer greve e se sentir injustiçado.
Implementar as idéias de um novo sistema educacional (que serão aplicadas em NY) no Brasil, é o prólogo do desenvolvimento. Não só por parte pública, mas também da privada. Os colégios particulares não fogem desses conceitos antigos de educação, talvez sejam ainda mais perigosos por terem mais conteúdo, por usarem de sistemas de ensino massificados, decorebas, que deixam o aluno alienado. É um verdadeiro fordismo em sala de aula.
Acredito que essa mudança possa começar em breve, pelo ensino privado. Basta a força de vontade dos grandes nomes, que tenham disposição em investir na educação, preocupação com o futuro do ensino mais do que com os lucros atuais. É uma mudança que demorará anos para se concretizar, o que é mais um motivo para se começar a agir imediatamente.
Quanto à rede pública, não tenho fé alguma. Governo investir em educação o tanto que deveria? Caindo de novo no ponto onde o poder precisa de um povo burro para continuar roubando. Uma massa burra é uma massa de fácil manobra.


Resumindo, o estereótipo de inteligente atual, não pode mais ser daquela pessoa que saiba fazer qualquer cálculo vetorial em trinta segundos, mas daquela pessoa que tenha conhecimento e habilidades para enfrentar qualquer tipo de situação, que saiba lidar com o novo. A escola nada mais é que um preparo para o mercado de trabalho, e é isso que o mercado de trabalho precisa. Não faz sentido que o mercado de trabalho evolua e a escola continue formando alienados.






Já na Inglaterra, o jornal The Sun culpa os videogames pelo baixo rendimento escolar. As atrações digitais serão sempre mais interessantes que os estudos aos adolescentes. Cabe aos responsáveis pela educação, criarem um jeito de diminuir essa discrepância. Não que façam os estudos ficarem mais interessantes que os videogames e celulares, mas que façam que, ao menos, fiquem interessantes, menos massivos.