Dê uma olhadinha rápida na banca mais próxima de sua casa e vai encontrar a nova e surpreendente transformação da turma do Limoeiro: Turma da Mônica versão mangá. Para você que não entende bosta nenhuma, deixo claro: isso não é mangá! Mangá não é simplesmente a tradução japonesa de "quadrinhos", assim como Maurício de Souza deixa parecer nas primeiras páginas do volume zero de sua nova porcaria. Os mangás são criados em preto-e-branco (ou escala de cinza) com intenções, não simplesmente por economia de dinheiro ou preguiça de pintar, pois o japonês pode ser bizarro e o diabo a quatro, mas preguiçoso não é. A idéia de movimentação rápida, câmeras bem distribuídas e personagens super-expressivos são pioneiras do mangá, lá da época do Osamu Tesuka. Tudo isso, aliado a quadros monocromáticos, dificultam a compreensão rápida da cena, forçando os menos acostumados a ficarem muito tempo numa única cena para compreendê-la. E esse é o grande lance do preto-e-branco, te fazer raciocinar! Há certos mangakás (desenhistas de mangá) que abusam dos traços de movimentação e fazem com que até os leitores mais avançados se percam esporadicamente, assim como eu ficava constantemente boiando em algumas cenas do, recentemente findado na edição brasileira, Angel Sanctuary, da autora Kaori Yuki.
Todos esses elementos do mangá, NÃO são encontrados nessa nova Mônica. Continua o mesmo gibi com imagens chapadas, sem aspecto de movimentação, como fotogramas, mas, dessa vez, em preto-e-branco. Da maneira que funciona a cabeça do Maurício de Souza, imagens paradas e socadas umas na frente das outras como stop-motion. Mudaram o traço? Quase nada. A Mônica é o que todos já esperavam de sua imagem crescida, uma vez tendo lido a Tina. Jogaram os olhos "mangá-like" que qualquer aspirante a desenhista de mangá sabe fazer, inclusive aqueles que fazem cursos na K2, achando que serão grandes quadrinistas, e, mesmo assim, ele não teve a coragem de esticar direito aqueles olhos à nivel de quadrinho japonês mesmo, que é bem exagerado.
Basicamente, o Maurício está fazendo uma adaptação técnica do "seu estilo" para o mangá. As aspas se devem ao fato de que, caso não saibam, o titio Maurício não desenha merda nenhuma. O que ele desenha são aqueles personagens puxados e bizonhamente retorcidos de mil novecentos e sessenta/setenta e tantos. Os méritos da turma atual são do Aluir Amâncio, o desenhista que deixou a Mônica fofinha.
Além de tudo, ele ajuda na estereotipação do japonês e seu país, socando o gibi de apetrechos eletrônicos como se o Japão fosse um paraíso hi-tech e nada mais. Provavelmente, ele seja assim mesmo na mente pequena desse espírita ambicioso e sem nenhum senso de mercado que é Maurício de Souza. Exemplificando seu fracasso de planejamento, ele vendeu 45.000 exemplares na Bienal do Livro e precisou ser feita uma nova tiragem para as bancas. Isso é extraordinário, o cara faturou uma grana preta (multiplique o total pelo preço unitário e subtraia uns 30% da editora), mas nas bancas, o negócio tá indo bem devagar. Falta de planejamento! A mesma lorota do ordinário do Cassaro que parou com o quadrinho do Holy Avenger e especulou uma animação que não saiu de uns míseros testes porcos que ainda devem rolar pelo YouTube. Na banca, a concorrência é forte. Acabou a novidade e se está ao lado de gigantes da molecada trouxa como o Naruto. Sem contar os otakus-burros que compram Naruto porque são otakus-burros, vamos falar da molecada nova. Essa molecada que assiste Naruto no Cartoon Network e na TV aberta. É um público tão grande, ou talvez maior, do que os otakus que esquecerem de amadurecer e continuam lendo Naruto, Sakura e Mônica e vão a eventos de anime para mostrarem livremente toda o seu atraso mental, travestidos de cosplays.
Deixando minha raiva de otakus de lado, voltemos à imparcialidade. O fato é que Naruto passa na TV. É sabido que a animação eleva o mangá e vice-versa. A falta de planejamento do Maurício e sua equipe fizeram com que a animação da Mônica em mangá só saia ano que vem. A coisa mal ta pronta! Ano que vem sai esse lixo e todo mundo já se esqueceu. E a molecada continuará lendo e vendo seu Narutinho.
Outra putaria que deveria ser frisada é a farsa do mascote da imigração. Imagine a quantidade de desenhistas-amadores que mandaram seus mascotes para o concurso, acreditando na oportunidade, alimentando um sonho (bem besta, se tratando do Brasil), para, no final, o vencedor ser ninguém menos que Maurício de Souza. Vá para o diabo! A gurizada sonhando e foram todos sapateados pela corrupção do universo dos quadrinhos nacionais, onde o deus é o Maurício de Souza.
Isso tudo é um paradoxo. Podemos pensar que o Maurício deu um tiro no próprio pé, abrindo espaço para a cultura do mangá. O leitor infantil, agora com o interesse despertado, tem acesso à internet o tempo todo. Dois palitos para caçar títulos muito melhores na internet mas também, como a coisa não tem limite, achar toda a putaria de lolicon e essas merdas insanas que só são engolidas por japoneses problemáticos ou por otakus muito, mas MUITO estúpidos. É interessante essa mistura de culturas, mas vamos trazer do Japão só o que tem de bom, por favor. Já chega de toda merda que acabou escapando pelo buraquinho e veio parar na mente despreparada do brasileiro, criando o otaku-nacional a quem estou submetido a ver em cada evento cultural que vou, talvez ainda acreditando que há um futuro para o quadrinho nacional e para o fã brasileiro de quadrinhos. Não consigo enxergar uma maneira para ampliar o discernimento lógico do leitor nacional. A cada coisa boa que aparece, milhões de coisas ruins vêm juntos e me parece que o brasileiro só consegue absorver as ruins. Já tem até show de Visual Kei no Brasil. Estamos caminhando ao inferno.
Se você é desenhista e está lendo esse post, aproveite a oportunidade que o Maurício abriu na mente dos leitores infantil e infanto-juvenil, e lance seu quadrinho, corra atrás. Mas, pelo amor da sua mãe, tenha idéias! Não copie! Chega de fanzineiro que desenha samurai para os garotos ou a colegial bonitinha para as garotas. Chega dessa merda! Viva a realidade de seu país, seu inútil.
Fica a dica.
domingo, 30 de novembro de 2008
Mônica em mangá
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
O pai da minha amiga coleciona HQs/gibis e pãns, ai ela levou 'mangá' da Mônica pra eu ver. Juro que deu até uma raivinha de ler, muito podreco >_< Parece que ele tentou mostrar várias coisas do Japão em uma história só, ai ficou aquela mistureira estranha e totalmente sem sentido DD: e sobre os desenhos, realmente, a únicas coisas 'manganescas' (?) que são os olhos grandes e a ausencia das cores (:
Muito interessante o lance da função do preto e braco.m*
Eu sempre senti dificuldade pra entender cenas de luta, mas não sabia que era essa intenção. Achava que era problem meu, mesmo.
Como a própria nary disse, tudo que mudou foi a estética.
Tiveram a estúpida idéia de associar a adolescência da Mônica com uma coisa mais high tec, e ficou um lixo!
Saiu uma reportagem, logo no lançamento da primeira edição da bienal na famigerada folha de londrina. Disseram que era só uma edição especial, e eu espero de verdade de seja mesmo só mais um erro reconhecido e que acabe, mesmo.
Mistura de cultura é legal. Mas isso só serviu pra afastar ainda mais a nossa geração da Turma da Mônica com temas mais inocentes de uma geração completamente "avançadinha", onde um começa a namorar o outro.
Não tem sentido D:
O original sempre foi bom, esse lance de mudança estética sem sentido não serviu pra nada...
enfim
adorei o post, de verdade
;*
Quando eu havia lido a respeito da novidade, há uns meses atrás, achei a idéia muito tosca, por fim, ela se confirma ainda mais tosca.
Postar um comentário