Há tempos prometo este post e não ficaria devendo, principalmente, devido à moda que virou este filme nos últimos dias.
Acontece que fui assistir só na semana passada e de lá pra cá, não tive muito tempo vago para postar.
Desde o início, só ouvia falar bem desse filme, fator que não influencia em nada sobre minha opinião, ou até influencia negativamente, uma vez que sei que metade dos brasileiros gostam de tiro, porrada e nudez e só. Mas tenho que admitir - o filme me impressionou.
É de longe o melhor filme nacional que já vi. Curioso é que hoje mesmo, na sala, surgiu a discussão sobre "escrever" como dom ou profissão qualquer, e eu levantei o fato de que o Brasil é um dos únicos países que não investem em escrita, que não tem faculdade específica para quem sonha ser escritor, diferente da maioria dos países. Discutir tal fato, nos levará ao que minha professora citou - o governo não quer um povo intelectual, quer o povo burro. E se for para discutir os motivos e a história política do país, esse post seria imenso e muito maior que uma simpels crítica cinematográfica. O básico é que esta falta de vontade do governo ou daqueles velhos vermes da Academia Brasileira de Letras, contribui para o progresso lento/quase nulo do país, e a pobreza tanto em livros quanto em filmes, pobreza em geral da escrita. Enquanto o investimento de outros países como os Estados Unidos é gigantesco, o nosso não existe, o que justifica a merda que é nosso cinema. Eis um grande motivo para admirar a qualidade de Tropa de Elite.

Há um ponto que cria muita discussão, e esse é sobre a rigidez do esquadrão aplicada nos suspeitos dentro da favela. Pobre de quem não tem nada a ver com a história, mas eu concordo com os métodos ditadores, é assim, infelizmente, que as coisas funcionam por aqui. Bem-vindos à realidade.
A história é fraca e se você é uma pessoa como eu, que assistiu a todos os filmes nacionais com essa temática, não tem muito a que acrescentar, salvo pelo que acontece por dentro da polícia. O diferencial não é a história, mas sim como ela é retratada e o clima de tensão (essencial para este tipo de filme) que o diretor consegue criar. Além de atores excelentes com os principais personagens, com foco em Caio Junqueira (Neto) e André Ramiro (Matias) que interpretam perfeitamente suas personalidades pré e pós BOPE. Tirei o chapéu.
E falando em história, é bom se reorganizar antes de falar: "mais um filme de favela". Essa é a realidade do país, é nosso tema. Os Estados Unidos têm seus clássicos com muito mais filmes sobre faroeste, que foi seu tema por muito tempo. Eu mesmo não sou muito ligado a problemas sociais e quanto ao tema, prefiro pessoalmente o velho bang-bang de Clint Eastwood, mas não posso negar a qualidade representativa desse novo filme, mesmo eu não gostando da temática.
Gostei muito da cena ao final do filme, onde mostra a passeata de paz sobre o comentário do narrador-personagem que diz algo como: "Se tem uma coisa que odeio, é passeata para a paz. Dá vontade sair dando porrada". Ótimo! Concordo e muito com isso. No filme, as mesmas pessoas que estão de branco, passeando pela paz (como se suas atitudes egoístas pseudo-pacificistas fossem cobrir o mundo de paz), são os maconheirinhos que bancam o tráfico comprando seus baseados pra curtir com a galera. E, hoje, não é muito diferente e vale acrescentar que muito nego que espalha para todo mundo o quanto gostou do filme, é também um maconheiro que sustenta toda essa bandidagem. Ver playboy maconheiro apanhando com razão é gratificante no filme.
Uma contradição interessante já observado por metade dos críticos da internet, foi que o filme foi um recorde de venda de DVD pirata. O mesmo filme que fala da contribuição da população com a ruína do país é recorde em pirataria. Comprar maconha e filme pirata não tem diferença nenhuma. É crime e contribuição para continuarmos no fundo do poço.
Para finalizar, digo que o que incomoda mesmo em tudo isso, é a moda desgraçada que este filme espalhou. Além de ter que escutar todos os dias aquele funk irritante, ainda deve-se agüentar as piadinhas relacionadas ao filme, piadinhas essas que não acabam. Maldita modinha!
não quero que você comente no meu blog, aliás, não é que não queira, não faço questão.
Você se tornou insignificante na minha vida, gostaria que se afastasse.
Grata =)"